sexta-feira, 21 de maio de 2010

Para Márcia Denser


Apesar do instinto competitivo natural aos homens, José Serra padece do grande desconforto que acomete os irmãos brasileiros quando chamados à disputa. É o anticlímax que vemos no programa da Globo, o Big Brother, com participantes choramingando em relação a ação adversária: "ele está jogando! ele está jogando!". Vítimas dos movimentos de quem busca nada mais do que a vitória. O candidato dos Tucanos prefere o "consenso", tanto que é adulado pela imprensa paulista com um clima de "já ganhou" -, eu sei... para sua estima isso seria pequeno ainda - ele espera a "aclamação". A realidade sempre é cruel com soberbos e centralizadores - sua morte acontece em situações sinistras - por isso, o quanto antes ele precisa se dar conta da máxima brasileira, "o jogo só acaba quando termina" ou qualquer outra irritante metáfora lúdica que diga: só se conhece o vencedor ao final do embate. Mas, como ele parece detestar o poker político, será difícil lhe abrir os olhos. Mesmo que nenhum voto ainda tenha sido depositado na urna, José Serra já se alçou a condição de Imperador; e isso antes mesmo do Rei "Liar" deixar o trono. Ele dá a entender que espera já durante a corrida eleitoral uma transição pacífica de governos, como em 2002. Pergunte para homens mais velhos, eles sabem o poder destruidor de uma queda tão brusca, quando se acha-se tão alto. Tão bem quisto. Isto é, seu sorriso de vitória hoje, num ambiente o qual o público não demonstra qualquer vontade de "mudança", será de um amarelo vergonhoso ao final de outubro. Ninguém o avisou disso? Sei, são suposições sobre alguém que me negou me fechou a porta para ver uma apresentação teatral no Espaço Maria Antonia. Não guardei rancor, Serra. Foram os seguranças que aproveitaram o momento para flutuarem e agirem com agressividade como playboys de costas-quentes. Contudo, devemos aguardar o horário eleitoral. Esse momento nos surpreenderá. E quem sabe, Serra tenha caído em si, e percebido que é preciso trabalhar muito para vencer uma sombra.

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